6.11.10

Jorge Luis Borges: "Spinoza" / "Spinoza": trad. de José Marcos Mariani Macedo



Spinoza

Las traslúcidas manos del judío
Labran en la penumbra los cristales
Y la tarde que muere es miedo y frío.
(Las tardes a las tardes son iguales.)
Las manos y el espacio de jacinto
Que palidece en el confín del Ghetto
Casi no existen para el hombre quieto
Que está soñando un claro laberinto.
No lo turba la fama, ese reflejo
De sueños en el sueño de otro espejo,
Ni el temeroso amor de las doncellas.
Libre de la metáfora y del mito
Labra un arduo cristal: el infinito
Mapa de Aquel que es todas Sus estrellas.


Spinoza

As translúcidas mãos do judeu
Lavram na penumbra os cristais
E a tarde que morre é medo e frio.
(As tardes às tardes são iguais.)
As mãos e o espaço de jacinto
Que empalidece nos confins do Gueto
Quase não existem para o homem quieto
Que está sonhando um claro labirinto.
Não o perturba a fama, esse reflexo
De sonhos no sonho de outro espelho,
Nem o temeroso amor das donzelas.
Livre da metáfora e do mito
Lavra um árduo cristal: o infinito
Mapa d’ Aquele que é todas as Suas estrelas.



BORGES, Jorge Luis. "El otro, el mundo". Obras completas. Buenos Aires: Emecé Editors, 1974.

BORGES, Jorge luis. Esse ofício do verso. Traduçao de José Marcos Mariani Macedo. São Paulo: Companhia das letras, 2007.

3 comentários:

Marcone disse...

então o Borges "plagiou" o Machado?

Antonio Cicero disse...

Marcone,

Sei que você está brincando, já que não só os dois poemas são completamente diferentes, como o do Borges não fica em nada a dever ao do Machado.

Fellipe Caetano disse...

"livro da metáfora e do mito"
sensacional!

http://nossamaisena.blogspot.com