8.8.11

Alain: de "Propos de littérature"




Quando um poeta lhe parecer obscuro, procure bem, e não procure longe. Não há de obscuro aqui senão o maravilhoso encontro do corpo e da ideia, que opera a ressurreição da linguagem.


ALAIN. Propos de littérature. Paris: Gonthier, 1964.

4 comentários:

Jefferson Bessa disse...

O poeta concomitantemente em corpo e ideia num poema. Certeiro!

Um poema que escrevi:


por que lavou tanto suas mãos?
chegaram para mim tão lisas
quis tanto sentir o leve áspero
de tudo que em suas mãos tem

por que lavou tanto o pescoço?
chegou para mim perfumado
quis tanto respirar o odor
de tudo que em sua pele tem

não esperei de você o impuro
nem aspirar de seu ar puro
queria apenas sentir o próprio
de tudo que em seu corpo tem

Um abraço.
Jefferson.

Teresinha Oliveira disse...

Muitas vezes a obscuridade está em nós.

Cláudia Barral disse...

Um poema para a apreciação de Antônio Cícero, que me encanta sempre:

A música do meu coração.
A música silenciosa das madrugadas.
A música que inexiste nos canteiros surdos, na primeira vez que eu ouvi o teu nome, em teu nome, em tudo que foi destruído.
A música que, separada em partes, deixou de ser música.
A música que não escutas e os silêncios que a compõe: meu medos, meu grande medo sombrio, esse desabafo.
A música que paira imóvel, depois do grande salto.
A música que eu e tu não esquecemos, que os outros desconhecem, que talvez seja uma alucinação.
A música do meu coração cansado, partido, que não tem aonde ir.
A música toca a mim, em mim, ou no mundo inteiro?

Abraço,

Cláudia.

Antonio Cicero disse...

Muito obrigado, Cláudia!