29.7.13

Francisco Alvim: "Argumento"






Argumento


Mas se todos fazem







ALVIM, Francisco. "Elefante". In:_____. Poemas. 1968-2000. São Paulo: Cosacnaify; Rio de Janeiro: 7 Letras, 2004.

25.7.13

Antonio Cicero é o convidado da série "O que é poesia?" na Casa das Rosas, em São Paulo

Parte da programação “Férias na Casa”, vigente no mês de julho na Casa das Rosas, “O que é a poesia?” tem curadoria e mediação de Edson Cruz e entrada gratuita. Responsável pelo portal Musa Rara, Cruz, poeta e editor, convidou poetas de várias linhagens para refletirem sobre o fazer poético. O resultado transformou-se em livro, mote para palestras realizadas na Casa das Rosas desde maio de 2012, quando Augusto de Campos participou da edição inaugural.




SERVIÇO
O que é a poesia? – Antonio Cicero
Sábado, 27 de julho, 19h.

Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Avenida Paulista, 37 – próximo à Estação Brigadeiro do Metrô.

24.7.13

Noemi Jaffe: curso "Princípios Essenciais da Escrita Criativa", no Rio



Tem início no dia 1º de agosto, na Estação das Letras, outro dos famosos cursos de Noemi Jaffe:



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Friedrich Hölderlin: "Empedokles" / "Empédocles": trad. de Paulo Quintela





Empédocles

Buscas a vida, buscas, e eis te brota e brilha
Um fogo divino do fundo da terra,
E tu, em ânsia horrífica, lanças-te
Lá para baixo, pra as chamas do Etna.

Assim dissolveu pérolas no vinho a insolência
Da rainha; e que o fizesse! Não tivesses tu,
Ó Poeta, imolado a tua riqueza
No cálice refervente!

Mas pra mim és sagrado, como a força da terra
Que te arrebatou, ó vítima ousada!
E seguiria para as profundezas,
Se o amor me não detivesse, o herói.



Empedokles

Das Leben suchst du, suchst, und es quillt und glänzt
Ein göttlich Feuer tief aus der Erde dir,
Und du in schauderndem Verlangen
Wirfst dich hinab, in des Ätna Flammen.

So schmelzt' im Weine Perlen der Übermut
Der Königin; und mochte sie doch! hättest du
Nur deinen Reichtum nicht, o Dichter,
Hin in den gärenden Kelch geopfert!

Doch heilig bist du mir, wie der Erde Macht,
Die dich hinwegnahm, kühner Getöteter!
Und folgen möcht ich in die Tiefe,
Hielte die Liebe mich nicht, dem Helden.




HÖLDERLIN, Friedrich. Poemas. Selecção e tradução de Paulo Quintela. Coimbra: Atlântida, 1959.





21.7.13

Arthur Rimbaud: "Voyelles" / "Vogais": trad. Ivo Barroso





Vogais

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
Um dia hei de dizer vossas fontes latentes:
A, negro e veludoso enxame de esplendentes
Moscas a varejar em torno aos chavascais,

Golfos de sombra; E, alvor de tendas tumescentes,
Lanças de gelo altivo, arfar de umbelas reais;
I, púrpuras, cuspir de sangue, arcos labiais
Sorrindo em fúria ou nos transportes penitentes;

U, ciclos, vibrações dos mares verdes, montes
Semeados de animais pastando, paz das frontes
Rugosas de buscar alquímicos refolhos;

O, supremo Clarin de estridores profundos,
Silêncios a esperar pelos Anjos e os Mundos:
- O, o Ômega, clarão violáceo de Seus Olhos!                         ...

                 ...


A estrela chorou rosa ao fundo de tua orelha,
O espaço rolou branco entre a nuca e o quadril
O mar perolou ruivo a mamila vermelha
E o homem sangrou negro o flanco senhoril.





Voyelles

A   noir, E blanc, I rouge, U vert, O bleu: voyelles,
Je dirai quelque jour vos naissances latentes:
 A,  noir  corset velu des mouches éclatantes
Qui bombinent autour des puanteurs cruelles,

Golfes d'ombre; E, candeur des vapeurs et des tentes,
Lances des glaciers, fiers, rois blancs, frissons d'ombelles;
I, pourpres, sang craché, rire des lèvres belles
Dans la colère ou les ivresses pénitentes;

U cycles vibrements divins des mers virides,
Paix des pâtis semés d'animaux, paix des rides
Que l'alchimie imprime aux grands fronts studieux;

O, suprême Clairon plein des strideurs étranges,
Silences traversés des Mondes et des Anges:
- O l'Oméga, rayon violet de Ses Yeux!

                                ...

- L'étoile a pleuré rose au coeur de tes oreilles,
L'infini roulé blanc de ta nuque à tes reins
La mer a perlé rousse à tes mammes vermeilles
Et l'Homme saigné noir à ton flanc souverain.




RIMBAUD, Arthur. Poesia completa. Edição bilingue. Trad. Ivo Barroso. Rio de Janeiro, Topbooks, 1995.

19.7.13

Charles Baudelaire: "Le chat" / "O gato": trad. de Ivan Junqueira






O gato (II)

De seu pêlo louro e tostado
Um perfume tão doce flui
Que uma noite, ao mima-lo, fui
Por seu aroma embalsamado.

É a alma familiar da morada;
Ele julga, inspira, demarca
Tudo o que seu império abarca;
Será um deus, será uma fada?

Se neste gato que me é caro,
Como por ímãs atraídos,
Os olhos ponho comovidos
E ali comigo me deparo,

Vejo aturdido a luz que lhe arde
Nas pálidas pupilas ralas,
Claros faróis, vivas opalas,
Que me contemplam sem alarde.



Le chat (II)

De sa fourrure blonde et brune
Sort un parfum si doux, qu'un soir
J'en fus embaumé, pour l'avoir
Caressée une fois, rien qu'une.

C'est l'esprit familier du lieu;
Il juge, il préside, il inspire
Toutes choses dans son empire;
Peut-être est-il fée, est-il dieu?

Quand mes yeux, vers ce chat que j'aime
Tirés comme par un aimant,
Se retournent docilement
Et que je regarde en moi-même,

Je vois avec étonnement
Le feu de ses prunelles pâles,
Clairs fanaux, vivantes opales,
Qui me contemplent fixement.




BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.



16.7.13

"Antigo verão", de Antonio Cicero, e "L'embarquement pour Cythère", de Watteau






“Antigo verão” descreve minha memória de um dia de verão típico de um breve momento de minha juventude, nos anos setenta, no Rio de Janeiro. O título alude à obra prima do poeta Salvatore Quasimodo, “Antico inverno”. E é claro que Citera, em cujas águas nasceu Afrodite, é a ilha do amor. Ao fazer esse poema, lembrava-me do clima do quadro “L'embarquement pour Cythère”, de Watteau. Ei-lo:





Eis o poema:


             Antigo verão
                            para Oscar Ramos

Primeiro a praia, depois uma estreia,
depois o Baixo e, finalmente, a festa
de madrugada, numa cobertura:
e eis que as nuvens a cobrir a lua
e o Corcovado já se dispersavam,
auspiciando uma manhã de praia
para um rapaz que àquela altura era
o derradeiro barco pra Citera.



15.7.13

Arthur Nogueira e Antonio Cicero: "Antigo Verão"





Arthur Nogueira fez do poema "Antigo verão", de Antonio Cicero (A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002), uma bela canção:


Show de Arthur Nogueira




Clique na imagem para aumentá-la:

13.7.13

W. H. Auden: "In memory of W. B. Yeats" / "Em memória de W. B. Yeats": trad. por Margarida Vale de Gato






Em memória de W. B. Yeats


Desapareceu no rigor do Inverno:
Os regatos gelados, os aeroportos praticamente desertos,
E a neve desfigurava as estátuas da praça;
O mercúrio afundava-se na boca do dia que morria.
Ó, os instrumentos todos são unânimes,
Que o dia da sua morte foi um frio e escuro dia.

Longe da sua agonia
Corriam os lobos pelas florestas perenes,
O rio da província desdenhava os cais elegantes;
Pelas línguas pesarosas
A morte do poeta furtou-se aos seus poemas.

Mas para ele foi a tarde derradeira de si próprio,
Uma tarde de enfermeiras e rumores;
As províncias do seu corpo em revolta,
Os sectores do seu cérebro esvaziados,
O silêncio invadiu os subúrbios,
Estancou a torrente do seu sentir; tornou-se nos seus admiradores.

Agora está disperso por centenas de cidades,
E de todo entregue aos afectos alheios;
Para achar a felicidade num outro tipo de bosque
E sofrer o castigo de um código de consciência estrangeiro.
As palavras de um morto
Modificam-se nas entranhas dos vivos.

Mas na importância e no ruído de amanhã
Quando os corretores rugirem como feras no salão da Bolsa,
E os pobres padecerem dos martírios a que já se habituaram,
E cada um na cela de si mesmo quase se convencer da sua liberdade;
Uns parcos milhares pensarão neste dia
Como se pensa num dia em que se fez algo um tanto invulgar.
Ó, os instrumentos todos são unânimes
Que o dia da sua morte foi um escuro e frio dia.

2

Foste tonto como nós; a tudo sobreviveu o teu talento;
À paróquia das ricas senhoras, à decadência física,
A ti mesmo; a louca Irlanda feriu-te para a poesia.
Agora a Irlanda tem ainda a sua loucura, a sua temperatura,
Porque a poesia não faz acontecer nada: sobrevive
No vale do seu dizer, onde os executivos
Não gostariam nunca de lavrar; corre para Sul
Das herdades isoladas e das mágoas agitadas,
Rudes cidades em que acreditamos e morremos; sobrevive
Uma forma de acontecer, uma boca.

3

Recebe, ó terra, um hóspede honrado;
William Yeats jaz descansado:
Que repouse a vasilha vazia
Deste irlandês sem a sua poesia.

O tempo que é intolerante
Para com os bravos e inocentes,
E numa semana indiferente
Ao físico mais elegante,

Venera a linguagem e perdoa
Todos os que ela povoa;
Perdoa a vaidade e a cobardia,
E aos seus pés faz cortesia.

O tempo, que com tal justificação
Perdoou de Kipling a opinião,
E perdoará a Paul Claudel,
Perdoa-lhe a ele pela escrita fiel.

No pesadelo do breu
Ladram os cães europeus,
E aguardam as nações vivas,
Pelos seus ódios cativas.

A desgraça intelectual
No rosto humano é geral,
E há oceanos de pesar
Trancados e pétreos no olhar.

Vai, poeta, segue afoito
Até ao fundo da noite,
Com teu canto livrador
Traz-nos ainda o esplendor.

Com um verso bem arado
Faz vinha deste mau fado,
Canta o humano insucesso
Num arroubo de possesso.

Que nos regue o coração
A fonte da regeneração,
E ao homem, preso em seus dias,
Dá-lhe um canto de alforria.




In memory of W. B. Yeats


He disappeared in the dead of winter:
The brooks were frozen, the airports almost deserted,
And snow disfigured the public statues;
The mercury sank in the mouth of the dying day.
O all the instruments agree
The day of his death was a dark cold day.

Far from his illness
The wolves ran on through the evergreen forests,
The peasant river was untempted by the fashionable quays;
By mourning tongues
The death of the poet was kept from his poems.

But for him it was his last afternoon as himself,
An afternoon of nurses and rumours;
The provinces of his body revolted,
The squares of his mind were empty,
Silence invaded the suburbs,
The current of his feeling failed; he became his admirers.

Now he is scattered among a hundred cities
And wholly given over to unfamiliar affections,
To find his happiness in another kind of wood
And be punished under a foreign code of conscience.
The words of a dead man
Are modified in the guts of the living.

But in the importance and noise of to-morrow
When the brokers are roaring like beasts on the floor of the Bourse,
And the poor have the sufferings to which they are fairly accustomed,
And each in the cell of himself is almost convinced of his freedom,
A few thousand will think of this day
As one thinks of a day when one did something slightly unusual.

O all the instruments agree
The day of his death was a dark cold day.

II

You were silly like us; your gift survived it all:
The parish of rich women, physical decay,
Yourself; mad Ireland hurt you into poetry.
Now Ireland has her madness and her weather still,
For poetry makes nothing happen: it survives
In the valley of its saying where executives
Would never want to tamper, it flows south
From ranches of isolation and the busy griefs,
Raw towns that we believe and die in; it survives,
A way of happening, a mouth.


III

Earth, receive an honoured guest:
William Yeats is laid to rest.
Let the Irish vessel lie
Emptied of its poetry.

Time that is intolerant
Of the brave and innocent,
And indifferent in a week
To a beautiful physique,

Worships language and forgives
Everyone by whom it lives;
Pardons cowardice, conceit,
Lays its honours at their feet.

Time that with this strange excuse
Pardoned Kipling and his views,
And will pardon Paul Claudel,
Pardons him for writing well.

In the nightmare of the dark
All the dogs of Europe bark,
And the living nations wait,
Each sequestered in its hate;

Intellectual disgrace
Stares from every human face,
And the seas of pity lie
Locked and frozen in each eye.

Follow, poet, follow right
To the bottom of the night,
With your unconstraining voice
Still persuade us to rejoice;

With the farming of a verse
Make a vineyard of the curse,
Sing of human unsuccess
In a rapture of distress;

In the deserts of the heart
Let the healing fountain start,
In the prison of his days
Teach the free man how to praise.




AUDEN, W.H. Outro tempo. Trad. por Margarida Vale de Gato. Lisboa: Relógio D'Água, 2003.

11.7.13

Frederico Barbosa: "Desexistir"





Desexistir


Quando eu desisti
de me matar
já era tarde.

Desexistir
já era um hábito.

Já disparara
a auto-bala:
cobra cega se comendo
como quem cava
a própria vala.

Já me queimara.

Pontes, estradas,
memórias, cartas,
toda saída dinamitada.

Quando eu desisti
não tinha volta.

Passara do ponto,
já não era mais
a hora exata.




BARBOSA, Frederico. Contracorrente. São Paulo: Iluminuras, 2000.

10.7.13

José Paulo Paes: "Poética"






Poética


conciso? com siso

prolixo? pro lixo





PAES, José Paulo. Os melhores poemas de José Paulo Paes. seleção de David Arrigucci Jr. São Paulo: Global, 1998.

3.7.13

Antonio Cicero: "O poeta marginal"






O poeta marginal

Em meio às ondas da hora
e às tempestades urbanas
conectarei as palavras
que trovarão novas trovas.
Lerei poemas na esquina,
darei presentes de grego;
a cochilar com Homero,
farei negócios da China.
Exporei tudo na rede
sem ganhar nenhum vintém:
a vaidade, a fome, a sede,
certo truque,rara mágica.
Que não se engane ninguém:
ser um poeta é uma África.




CICERO, Antonio. Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.

1.7.13

Drauzio Varella: "Gays e heterossexuais incuráveis"






O seguinte -- excelente -- artigo de Drauzio Varella foi publicado no domingo, 30 de junho, na "Ilustrada" da Folha de São Paulo.




Gays e heterossexuais incuráveis

Apesar dos anos vividos, ainda me surpreendo com a estupidez humana.

Os crentes dizem que Deus houve por bem limitar-nos a inteligência, para impedir que bisbilhotássemos seus domínios. Se assim agiu, pena não lhe ter ocorrido impor limites para a burrice dos seres que criou à sua imagem e semelhança.

Um grupo de deputados reunidos na Comissão de Direitos Humanos, presidida por um evangélico sem nenhuma aparência de homem fervoroso, aprovou o projeto conhecido como "cura gay", que assegura aos psicólogos o direito de aplicar métodos de tratamento destinados a transformar homo em heterossexuais, e de apregoar aos incautos a cura da homossexualidade, práticas condenadas pelo Conselho Federal de Psicologia e por todas as pessoas com um mínimo de discernimento.

Em todos os povos conhecidos, uma parcela de indivíduos em alguma fase da vida experimentou orgasmo por meio da estimulação dos genitais realizada por uma pessoa do mesmo sexo.

A incidência da homossexualidade varia de acordo com o grupo social. Um estudo clássico dos anos 1950 mostrou que em cerca de 60% das populações pesquisadas o comportamento homossexual é aceito sem restrições. Na África, entre os povos Siwan, e no sudoeste do Pacífico, entre os melanésios, virtualmente todos os homens praticaram sexo com outros homens em algum estágio da vida.

As 40% restantes vivem em países nos quais a homossexualidade é objeto de tabu social. As nações industrializadas se enquadram nesse grupo minoritário.

Embora os dados nem sempre confirmem com exatidão, a homossexualidade masculina parece ser duas a três vezes mais prevalente do que a feminina, em todas as sociedades até hoje avaliadas.

A maioria esmagadora dos indivíduos que experimentam orgasmos com pessoas do mesmo sexo são bissexuais. No Ocidente, homossexualidade pura, caracterizada pela ausência de práticas sexuais com o sexo oposto durante a vida inteira, ocorre em apenas 1% da população.

Comportamento homossexual tem sido descrito em répteis, pássaros e mamíferos, animais que na evolução divergiram há mais de 100 milhões de anos. Uma parte dos machos e fêmeas de todas as espécies de aves estudadas têm relações sexuais com indivíduos do mesmo sexo. Em muitas ocasiões, essas práticas terminam em orgasmo de apenas um ou dois dos parceiros.

Nos mamíferos, a maioria das relações homossexuais entre as fêmeas acontece quando uma parceira monta sobre a outra, comportamento já documentado em pelo menos 70 espécies: ratos, hamsters, coelhos, martas, gado, carneiros, cavalos, antílopes, porcos, macacos, chimpanzés, bonobos, leões etc.

Há mais de um século e meio, Charles Darwin nos ensinou que uma caraterística presente em diversas espécies distintas indica que foi herdada de um ancestral comum, portador do mesmo traço. Podemos garantir que o ancestral que deu origem aos vertebrados tinha dois globos oculares, caraterística herdada por todos os animais com esqueleto.

O paralelismo é óbvio, prezadíssimo leitor: se o comportamento homossexual está documentado em animais tão distintos quanto répteis, aves e mamíferos, é porque a homossexualidade é mais antiga do que a humanidade.

Certamente, já existiam hominídeos homo e bissexuais 5 a 7 milhões de anos atrás, quando nossos ancestrais resolveram descer das árvores nas savanas da África. Está coberta de razão a sabedoria popular ao dizer que a homossexualidade é mais velha do que andar a pé.

Sempre houve e haverá mulheres e homens que desejam pessoas do mesmo sexo, porque essa é uma característica inerente à condição humana. Com persistência e determinação, eles podem controlar o comportamento sexual, mas o desejo não. O desejo é uma força da natureza mais íntima de cada um de nós; é água que corre montanha abaixo.

Os fatores genéticos e as interações sociais envolvidas no comportamento sexual são de tal complexidade que só a ignorância crassa é capaz de propor simplificações.

Eu, que sempre coloquei em dúvida a masculinidade daqueles excessivamente preocupados ou ofendidos com a homossexualidade alheia, gostaria de saber em que porta de botequim os nobres deputados ouviram falar que o homossexual é um doente à espera de tratamento psicológico.