31.5.15

Demetrios Galvão: "língua materna"





língua materna



o ronronado
é uma língua secreta
que os gatos usam
para domesticar seus donos.






GALVÃO, Demetrios. "língua materna". In:_____. "para uma criatura encantada". In:_____. Bifurcações. São Paulo: Patuá, 2014.

29.5.15

Thiago E: "escuro"




Clique no poema, para aumentá-lo:























Ouça "escuro" falado pelo poeta, seguindo esse link: https://soundcloud.com/thiagoe/escuro.

28.5.15

Parabéns a Adriano Nunes pelo seu aniversário!

Parabéns ao querido amigo Adriano Nunes, que lança seu belo Quarenta Contente Cantante hoje,
no dia do seu aniversário!






27.5.15

Gal Costa: "Sem medo nem esperança", de Arthur Nogueira e Antonio Cicero




Fiquei feliz com o que Gal Costa disse sobre a música que meu parceiro Arthur Nogueira e eu fizemos para ela. Vejam aqui, por exemplo: http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/05/gal-costa-lanca-cd-jovem-e-carpe-diem-mas-diz-que-ainda-e-leoa.html.

A canção está no YouTube. Seguindo sugestão do querido Adriano Nunes, incorporei-a aqui:



26.5.15

Olavo Bilac: "Vanitas"





Vanitas

Cego, em febre a cabeça, a mão nervosa e fria,
Trabalha. A alma lhe sai da pena, alucinada,
E enche-lhe, a palpitar, a estrofe iluminada
De gritos de triunfo e gritos de agonia.

Prende a ideia fugaz; doma a rima bravia;
Trabalha... E a obra, por fim, resplandece acabada;
“Mundo que as minhas mãos arrancaram do nada!
“Filha do meu trabalho, ergue-te à luz do dia!

“Cheia da minha febre e da minha alma cheia,
“Arranquei-te da vida ao ádito profundo,
“Arranquei-te do amor à mina ampla e secreta!

“Posso agora morrer, porque vives!” E o Poeta
Pensa que vai cair, exausto, ao pé de um mundo,
E cai – vaidade humana! –  ao pé de um grão de areia...



BILAC, Olavo. "Vanitas". In: RAMOS, Péricles Eugênio da Silva (org.). Panorama da poesia brasileira, vol.III: Parnasianismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.

25.5.15

Antonio Cicero lê três discos de poemas



Por iniciativa da produtora Luz da Cidade, de Paulinho Lima, gravei em voz alta três discos de poemas: Antonio Cicero por Antonio Cicero, A cidade e os livros e Porventura. Essas leituras podem ser acessadas no site da Ubook. O link para Antonio Cicero por Antonio Cicero é:

http://www.ubook.com.br/audiobook/106785/poesia-falada-antonio-cicero-por-antonio-cicero.




O link para A cidade e os livros é:
http://www.ubook.com.br/audiobook/106779/poesia-falada-a-cidade-e-os-livros-por-antonio-cicero






O link para Porventura é:

http://www.ubook.com.br/audiobook/106838/porventura.




24.5.15

Cacaso: "Manhã profunda"




Manhã profunda

                       para Maria Alice  

Um passarinho cantou tão triste
tão sozinho
um outro respondeu espere já vou
aí já vou aí já vou aí




CACASO. "Manhã profunda". In:_____. MORICONI, Ítalo (org.). Destino: poesia. Antologia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.

22.5.15

Paulino António Cabral: "Às vezes se não durmo"





Às vezes se não durmo, o pensamento
Deixando o corpo sobre a cama quente,
Me leva mais ousado, que prudente,
Dos Astros a medir o movimento.

Peso, calculo, meço, e observo atento,
Quantos globos encerra o Céu luzente:
Contemplo os turbilhões, e finalmente
Me transporto até sobre o Firmamento.

Descartes lá descubro: e nesse espaço,
Que existência só tem na fantasia,
Também meus Orbes risco, e Mundos faço.

E eis que vem com mais certa Geometria
Uma Pulga, e me morde no cachaço;
Vou-me arranhar; e adeus Filosofia.




CABRAL, Paulino António. "Às vezes se não durmo". In:_____. Poesias. Com um ensaio de Miguel Tamen. Lisboa: INCM, 1985.

19.5.15

Rainer Maria Rilke: "Schlußstück" / "Coda": tr. de Nelson Ascher




Agradeço ao poeta Nelson Ascher por me autorizar a aqui postar sua bela tradução, ou melhor -- para usar a excelente expressão de Haroldo de Campos -- sua bela transcriação de uma das obras-primas de Rilke:



Schlußstück


Der Tod ist groß.

Wir sind die Seinen

lachenden Munds.

Wenn wir uns mitten im Leben meinen,

wagt er zu weinen

mitten in uns.



RILKE, Rainer Maria. "Das Buch der Bilder". In:_____. Sämtliche Werke. Erster Band. Frankfurt am Main: Insel Verlag, 1970.





Coda


A morte é grande 

Somos a sua

boca ridente.

No auge da vida, subitamente,

seu choro soa

dentro da gente.



Tr. de Nelson Ascher


17.5.15

Aula sobre "Cartas a um jovem poeta", de Rilke




“Cartas a um jovem poeta - lições de vida”, sobre o conjunto de cartas escritas por Rainer Maria Rilke entre 1903 e 1908, é o tema da próxima aula do curso "Remetente/Destinatário", que será ministrada por Antonio Cicero. A aula acontecerá no dia 20 de maio, quarta-feira, às 19h, no IMS do Rio de Janeiro. As inscrições podem ser feitas na recepção. Mais informações: http://goo.gl/k5kQdx
O curso, com a proposta de analisar e resgatar trocas de cartas de grandes autores, vai até 24 de junho e acontece sempre às quartas-feiras. Havendo disponibilidade de vagas, as aulas avulsas custarão R$ 40. ‪#‎IMSRJ‬
Imagens: Rainer Maria Rilke. Rilke Archive, Gernsbach, Alemanha. Bridgeman images. / Capa da primeira edição brasileira de “Cartas a um jovem poeta”, seguidas de “A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke. Coleção particular.
O conjunto de cartas escritas por Rainer Maria Rilke entre 1903 e 1908, é o tema da próxima aula do curso "Remetente/Destinatário", que será ministrada por Antonio Cicero.
IMS.COM.BR

16.5.15

Giuseppe Ungaretti: "Girovago" / "Vagamundo": trad. de Geraldo Holanda Cavalcanti




Vagamundo

Campo de Mailly, maio de 1918
             

Em parte
alguma
do mundo
me sinto
em casa

Em cada
clima
novo
que encontro
reconheço
abatido
que
um dia
a ele também já estive
afeiçoado

E dele me despego sempre
estrangeiro

Nascendo
de volta de épocas demasiado
vividas

Gozar um único
minuto da vida
primal

Busco um país
inocente



Girovago

Capo di Mailly maggio 1918

In nessuna
parte
di terra
mi posso
accasare

A ogni
nuovo
clima
che incontro
mi trovo
languente
che
una volta
già gli ero stato
assuefatto

E me ne stacco sempre
straniero

Nascendo
tornato da epoche troppo
vissute

Godere un solo
minuto di vita
iniziale

Cerco un paese
innocente




UNGARETTI, Giuseppe. L'allegria/ A alegria. Edição bilingue. Tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti. Rio de Janeiro: Record, 2003.

14.5.15

Bate-papo na Casa das Rosas




No dia 28 de abril tive o prazer de participar de um bate-papo, organizado e conduzido por Emerson M. Martins e Vivian Schlesinger, na Casa das Rosas -- Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura -- em São Paulo. O evento foi gravado e se encontra no YouTube. Ei-lo:



11.5.15

Ibn Sara AS-Santariní: "Joven hermoso": trad. do árabe por Teresa Garulo / "Jovem belo": trad. do castelhano por Antonio Cicero





Joven hermoso

Es un antílope cuyas mejillas
son un jardín de rosas, defendido
del alacrán del aladar
por el granizo de sus dientes.
Cuando bebe en la copa se parece
a una luna bebiendo las estrellas.



AS-SANTARINI, Ibn Sara. "Joven hermoso". In:____. Poemas del fuego y otras casidas. Trad. de Teresa Garulo. Madrid: Hiperión, 2001.



Jovem belo

É um antílope cujas faces
são um jardim de rosas, defendido
do ferrão do pega-rapaz
pelo granizo de seus dentes.
Quando bebe na taça parece
uma lua bebendo as estrelas.



Tradução do castelhano por Antonio Cicero

7.5.15

Constantinos Caváfis: "Jônica": trad: José Paulo Paes





Jônica

Embora quebrássemos as estátuas,
embora os baníssemos de seus templos,
os deuses absolutamente não morreram.
Oh terra da Jônia, eles te amam ainda,
as suas almas te recordam ainda.
Quando, por sobre ti, alvorece a manhã de agosto,
o frêmito da vida deles te anima a atmosfera
e por vezes uma sombra etérea de efebo,
indistinta, a passo rápido,
percorre o cimo das tuas colinas.


CAVÁFIS, Constantinos. "Jônica". In: PAES, José Paulo (org.). Poesia moderna da Grécia.Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1986.

5.5.15

Vera Pedrosa: "perda"




perda


há um instante
o tido-para-sempre
se afasta
o olfato não o restitui
torna-se pedra
desconhece-se a trama
foge o timbre
some a sombra
não se sabe mais narrá-lo




PEDROSA, Vera. "perda". In:_____. De onde voltamos o rio desce. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2011.

2.5.15

Friedrich Hölderlin: "A árvore" / "Der Baum": trad. por Paulo Quintela




A árvore



Quando menino, tímido te plantei


     Bela planta! quão diferentes nos vemos
Magnífica estás                              e
   

     como um menino.
     







Der Baum



Da ich ein Kind, zag pflanzt ich dich

     Schöne Pflanze! wie sehn wir nun verändert uns

Herrlich stehest                           und

         wie ein Kind vor.




HÖLDERLIN, Friedrich. "A árvore" / "Der Baum". In: QUINTELA, Paulo (org. e trad.). Hölderlin: Poemas. Coimbra: Atlândida, 1959.